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Caminhos para conectar as organizações que compõem os ecossistemas de apoio aos negócios de impacto
Por Diogo Quitério*
Estruturar um ecossistema de organizações que possa oferecer apoio técnico e financeiro para empreendimentos comprometidos com impacto socioambiental positivo tem sido o propósito e o principal desafio do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) na última década. Neste sentido, foi possível testar diferentes mecanismos e atuar ao lado de parceiros fundamentais, como aceleradoras, instituições de ensino superior, fundos de investimento, bancos de desenvolvimento, o Sebrae e gestores públicos dispostos a abraçar a temática.
Foi muito interessante acompanhar o crescimento quantitativo de organizações criadas ou adaptadas para fomentar negócios de impacto; além do salto qualitativo em relação aos conceitos, debates e ferramentas de apoio a empreendedores em aspectos como intencionalidade e compromisso com a mensuração do impacto que se quer gerar. Contudo, o fortalecimento dessas organizações individualmente não resultou na construção de um ecossistema devidamente integrado e que atendesse a uma jornada do empreendedor – que, em diferentes momentos de estruturação do seu negócio, demanda diferentes tipos de apoio. Por esse motivo, em 2020, o ICE começou a advogar pela importância de fortalecer ecossistemas locais de apoio a negócios de impacto: uma infraestrutura de pessoas, recursos, organizações e redes conectada entre si e com o território, que conhece suas demandas, sua cultura e seu contexto político, e pode propor arranjos e sinergias entre si a favor da agenda de impacto socioambiental positivo.
Temos criado espaços para debates sobre o que resultaria no bom funcionamento dos ecossistemas locais de apoio a negócios de impacto, e alguns aspectos têm se mostrado relevantes: organizações bem informadas e abertas para debates e trocas; visão de futuro compartilhada e metas comuns; e ausência de sobreposições de esforços ou competições predatórias entre as organizações.
O contrário disso resulta em um atendimento disfuncional aos empreendedores, como a criação de lacunas ou descontinuidade no suporte ao longo da jornada, a estruturação de serviços que não respondam aos desafios dos empreendedores locais ou a concentração de recursos de financiamento nas mesmas poucas organizações (prejudicando a expansão da oferta de apoio mais ampla para os negócios). Como exemplo, podemos imaginar uma aceleradora interessada em atuar com negócios em estágios de escala e tração. Se não houver o trabalho anterior de uma incubadora que auxilie na formatação de novos negócios, teremos um gargalo naquela localidade. Ou, se as universidades locais não estiverem conectadas aos demais atores do ecossistema, não irão produzir conhecimento que impulsione a atuação em impacto social das grandes empresas e do setor público local.
A experiência mostra, no entanto, que cuidar deste “bom funcionamento” do ecossistema local demanda metodologia e responsáveis. É preciso que haja uma ou algumas organizações locais dispostas a dedicar equipe, recursos e esforços para constituir esse capital social. O ICE, por meio da Coalizão pelo Impacto, tem apostado no fortalecimento de organizações que queiram assumir ou ampliar esse mandato de “estruturantes”. Até 2026, nosso desafio é organizar conteúdos, estimular ações concretas e apoiar o posicionamento público destas organizações que queiram, de forma legítima e eficaz, apoiar seus pares locais com atividades de articulação, colaboração, monitoramento etc. O objetivo é que o conjunto performe da melhor maneira possível, e ofereça de forma orquestrada mais e melhores apoios para a geração de modelos de negócios comprometidos em melhorar a vida da pessoas e do planeta.
A Coalizão tem organizado diversos conteúdos sobre esse tema. É possível acessar um material base sobre o bom funcionamento de ecossistemas de apoio a negócios de impacto (clique aqui), ou ler a publicação da Aliança pelo Impacto “O papel das organizações estruturantes no fortalecimento de ecossistemas locais de investimentos e negócios de impacto”.
*Diogo Quitério é vice-diretor do ICE – Instituto de Cidadania Empresarial, atua há 10 anos com o ecossistema de investimentos e negócios de impacto a frente das iniciativas Aliança pelo Impacto e Coalizão pelo Impacto. É formado em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em Sócio Psicologia pela FESPSP.
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