Educação Decolonial inspira empreendedores a produzirem projetos antirracistas

Conceito e referências práticas guiaram os conselheiros das seis cidades da Coalizão pelo Impacto em suas articulações e projetos de impacto

Em setembro, conselheiros das seis cidades da Coalizão pelo Impacto participaram de encontros semanais para discutir a educação decolonial, conhecido como um conjunto de estudos e práticas para reduzir ou até reverter os efeitos da colonização na sociedade. Contou com a presença de especialistas no assunto para inspirar negócios de impacto mais inclusivos, equitativos e acessíveis.

A iniciativa surgiu dos debates finais do Curso de Liderança Sistêmica, uma formação voltada ao desenvolvimento de habilidades emocionais e de autoconhecimento, facilitada por Márcia Alexandre. “Vivenciamos práticas que possibilitaram discussões sobre temas como racismo e suas vertentes, como o racismo estrutural. Discutimos como ampliar nosso olhar para sermos mais empáticos e inclusivos, desenvolvendo uma liderança horizontal que une pessoas para ações coletivas e fortalece o ecossistema”, destacou Márcia.

Mônica Fernandes, CEO da Empoderar-Te Soluções, e Geórgia Bento, diretora executiva da Obará Edutech, ambas participantes do curso e empreendedoras negras, foram as idealizadoras do curso que contou com o apoio do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).

O curso buscou capacitar os conselheiros da Coalizão pelo Impacto para entenderem o pensamento decolonial e suas implicações em diferentes contextos sociais e profissionais. Além disso, os participantes receberam ferramentas para implementar práticas antirracistas em seus espaços de atuação.

Os encontros, realizados de forma online, contaram com a participação de especialistas como a professora Denise Silva, que conduziu a aula introdutória sobre Decolonialismo, e o professor Alan Martins, que abordou Estruturas de Poder, Racismo e Práticas Antirracistas. Geórgia Bento ministrou uma aula sobre Práticas Decoloniais em Projetos de Impacto, e a última aula, com a professora Denise Oliveira, tratou da Implementação de Compromisso Pessoal. Os participantes também foram acolhidos pelos ensinamentos da cuidadora ancestral, Dayana Caetano.

Resultados

Para se inscrever, os participantes passaram por uma avaliação inicial com perguntas descritivas sobre educação decolonial. Após o curso, houve uma avaliação final para obtenção do certificado. “Notamos uma evolução significativa na compreensão dos conceitos e estruturas de poder. As respostas dos participantes demonstraram um entendimento mais claro do que é decolonialismo e colonialismo. Outro aspecto positivo foi o comprometimento dos participantes com a construção de planos antirracistas em suas regiões de trabalho”, comentou Mônica.

Mônica e Geórgia apontam a escassez de debates sobre raça e território no ecossistema de impacto social. “Quantas pessoas negras e indígenas estão inseridas nesse segmento? Será que as pessoas no poder estão dispostas a dar espaço para esses grupos? Quantos estão realmente comprometidos?” questiona Geórgia, idealizadora da Obará Edutech, uma escola que forma jovens em vulnerabilidade social para carreiras na tecnologia e letramento racial. Mônica, por sua vez, lidera o Empoderar-Te, uma organização de Fortaleza (CE), que cria soluções para empoderar mulheres empreendedoras periféricas.

Mariana Guimarães, consultora de Governança Nacional da Coalizão, destaca que o projeto valoriza uma escuta atenta dos participantes, identificando desafios e incorporando as soluções sugeridas. Dessa forma, as formações oferecidas são diretamente alinhadas às demandas dos próprios integrantes ao longo de sua jornada. Os resultados desse curso refletem os valores e os princípios que o projeto pretende implementar no ecossistema de impacto. “O curso de educação decolonial está em sintonia com o que queremos entregar na ponta”, conclui.

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