Multiplicando o conhecimento
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29 de fevereiro de 2024Notícias
Chamada de financiamento vai além do apoio monetário
Programa oferece suporte para os desafios enfrentados pelas organizações
A contratação de profissionais qualificados para apoiar negócios de impacto é uma das principais dificuldades encontradas por organizações que atuam no apoio a negócios de impacto, conforme monitoramento realizado pela Coalizão pelo Impacto com 15 projetos aprovados na Chamada de Apoio a Programas de Aceleração de Negócios de Impacto. E os desafios enfrentados por essas organizações não param por aí. Vivian Rubia, gerente de programas do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), entidade responsável pela secretaria executiva da Coalizão, explica que, além das dificuldades na atração e formação de profissionais para mentoria e atuação no atendimento aos negócios de impacto, estas organizações de apoio (incubadoras, aceleradoras, consultorias etc) ainda se deparam com outros obstáculos entre eles a questão da saúde mental das lideranças envolvidas na gestão dos negócios. “Este é um ponto que tem sido comum entre as organizações e que temos que olhar com muito mais cuidado”, avalia Vivian.
A Chamada de Financiamento da Coalizão, investiu um valor total de R$ 1,2 milhão, dividido em cerca de R$ 200 mil para as cidades de Belém, Brasília, Campinas, Fortaleza, Paranaguá e Porto Alegre. Mas apenas os recursos financeiros não eram suficientes para suprir a necessidade dessas organizações. Diante deste cenário, a Coalizão viu a necessidade de realizar também um apoio técnico com horas de mentoria para que as organizações pudessem ganhar conhecimento e repassar para os negócios locais. “A nossa principal contribuição foi a de disponibilizar horas de mentoria , que possibilitaram que as organizações pudessem capacitar seus mentores e profissionais e em alguns casos oferecer suporte direto aos negócios de impacto”, comenta Vivian.
Uma das organizações selecionadas e que começa a colher os frutos desta Chamada é a Casa Hacker, de Campinas (SP). Ana Paula Cunha, coordenadora do projeto, destaca que as trocas entre as organizações de outras localidades também contribuíram para fortalecer as iniciativas da sua região. “Foi um desafio, mas também uma oportunidade de aprendizagem coletiva”, comenta. Para ela, um dos pontos importantes é que a proposta da Coalizão traz embasamento para que os empreendedores se reconheçam de fato como empreendedor e que o seu negócio, independente do tamanho, pode impactar na sociedade. “Percebemos um ganho de autoestima e de profissionalização. É uma virada de chave, consegue soltar fagulha para que entenda que existe caminho que possa trilhar”, complementa Ana Paula, que é farmacêutica por formação, mas depois de uma ação humanitária na Amazônia em 2015 decidiu que queria trabalhar com impacto social.
A experiência da Coalizão no apoio a esses 15 projetos de aceleração de negócios de impacto tem gerado bons aprendizados que precisam ser compartilhados em escala nacional. Estas organizações também têm seus próprios desafios na jornada de atuação com negócios de impacto e precisam de suporte para gerarem mais impacto. . É importante que esses desafios sejam discutidos por financiadores, parceiros técnicos, entidades de fomento ao empreendedorismo, governo e pelas lideranças dessas organizações. Qualificar e impulsionar a atuação dessas organizações dinamizadoras é chave para alcançar o objetivo final de termos mais e melhores negócios que possam gerar transformações sociais e ambientais positivas.
Alguns desafios identificados
Dificuldade de contratação de equipe técnica qualificada | Desafio em atrair e formar profissionais e mentores que tenham conhecimento sobre negócios de impacto para o atendimento direto aos empreendedores. |
Falta de entendimento sobre o conceito de negócios de impacto | Baixo entendimento do conceito de negócios de impacto por atores locais gera dificuldade em mobilizar recursos, pessoas e parceiros para os projetos. |
Falta de informações qualificadas sobre perfil dos empreendedores | A falta de informações qualificadas sobre empreendedores locais faz com que as organizações tenham que lidar com um perfil de empreendedor diferente do previamente planejado. Muitas vezes, elas adaptam seus programas para alcançar uma diversidade maior de empreendedores (tipo, estágio de desenvolvimento, etc.), gerando maior complexidade nos processos de formação conjunta. |
Evasão de empreendedores ao longo de todo o programa de apoio | A maioria dos projetos tem como público prioritário empreendedores de territórios periféricos, muitos dos quais empreendem por sobrevivência ou acumulam outras atividades para gerar renda. Com orçamentos reduzidos, os projetos não conseguem oferecer ajuda de custo ou outra forma de remuneração financeira para o período dedicado ao programa, resultando em maior risco de evasão. |
Saúde mental dos empreendedores | O acúmulo de funções em empreendimentos nascentes, a falta de uma rede de apoio e os desafios em sustentar um negócio (recursos financeiros, técnicos, capacidade de gestão, etc.) têm impactos diretos na saúde mental dos empreendedores. Além disso, mais de 60% dos projetos selecionados têm como público prioritário mulheres, mais de 75% dos empreendedores são oriundos da periferia e mais de 50% são empreendedores negros, que historicamente enfrentam desigualdades no acesso a recursos, com seus desafios amplificados ao empreender. |
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