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Bancos e agências de desenvolvimento trocam experiências e desafios da conexão com a agenda de negócios de impacto
A Coalizão pelo Impacto lança publicação sobre a conexão das instituições financeiras com a agenda dos negócios de impacto. O evento de lançamento destacou o papel desses atores e reforçou a importância da colaboração para integrar o impacto socioambiental nas operações financeiras.
A Coalizão pelo Impacto lançou na última terça-feira (03) a publicação “Iniciativas socioambientais de bancos e agências de desenvolvimento e sua conexão com a agenda dos negócios de impacto“.
Beto Scretas, senior advisor do ICE, ressaltou a importância das agências e bancos no fomento ao ecossistema de investimentos de impacto: “As agências e bancos de fomento tiveram e têm um papel fundamental no fomento ao ecossistema de investimentos de impacto, seja aqui no Brasil, seja globalmente. Devido ao tamanho de sua operação e potencial de escala, o poder de gerar evidências e de sua experiência poder ser replicada por outros atores do ecossistema e, principalmente, por ser fonte de um capital mais paciente, um capital catalítico que pode atrair outros tipos de investidores com maior aversão a risco”, disse.
O lançamento foi dividido em três momentos: (1) Apresentação e lançamento da publicação com ênfase na contextualização e nos elementos mais relevantes; (2) Diálogo entre pares, com alguns representantes de bancos e agências apresentando cases e como avançar a agenda dos negócios de impacto além do eixo Rio-SP; e (3) Amarração do encontro.
Quatro convidados apresentaram cases que estão documentados na publicação. Os temas mais recorrentes nas iniciativas analisadas pela publicação foram o fomento ao empreendedorismo feminino e a questão ambiental.
Luciana Lima, economista da Superintendência de crédito e riscos do Badesul, falou sobre o case Mais mulheres empreendedoras, um projeto do Badesul com a consultoria Ernst&Young para conscientizar a diversidade e a inclusão de gênero dentro do banco, além da produção de um manifesto público e da criação de uma política interna de gênero e inclusão. O segundo passo foi a criação de uma linha de crédito para mulheres como um produto para incentivar a participação feminina no mercado financeiro, desde maio de 2022, já foram aprovados mais de 15 milhões de reais em 134 operações. Para a economista, o principal desafio foi desmistificar o mercado financeiro para as mulheres, incentivando a criação de uma cultura de inclusão.
Simone Camargo, Gerente de Desenvolvimento do BRDE trouxe como case o Fundo Verde de Equidade. Em 2022, o BRDE criou o banco verde para promover impacto socioambiental positivo, procurando mitigar os impactos ambientais negativos da empresa, como a diminuição da emissão de gases, exclusão de plástico nas operações e redução de viagens corporativas. O Fundo Verde utiliza o lucro do BRDE para apoiar negócios de impacto, trabalhando com a oferta de linhas de crédito para promoção desse impacto. Levando em conta o objetivo de causar impacto socioambiental, o banco trabalha com a criação de editais voltados para a promoção de projetos de pesquisa que tragam resultados efetivos para a sociedade e valorizem a mulher e populações em situação de vulnerabilidade social. Com isso, o BRDE busca, cada vez mais, aumentar a capilaridade do impacto nos estados de atuação.
Tiago Fernandes, Gerente Executivo da área de produtos de desenvolvimento e micro crédito do Banrisul, apresentou a atuação do banco na área de negócios de impacto. Segundo Fernandes, o banco foi pioneiro na chamada de financiamento ao desenvolvimento de negócios de impacto social, fomentando o ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul. O Banrisul já possuía experiência com editais, mas foi a partir do contato com o case da BNDES Garagem, que o banco decidiu criar um edital focado em impacto. Lançado em 2023, o primeiro edital de impacto teve uma adesão maior que os anteriores, porém Fernandes acredita que o grande desafio é entender o ecossistema de impacto sem ficar preso em uma análise de crédito tradicional.
Kleber de Oliveira, Gerente executivo do Banco do Nordeste, falou sobre as dificuldades de entrar no ecossistema dos negócios de impacto. O Banco do Nordeste foi criado para impacto, buscando desenvolver uma solução para a desigualdade regional. Atualmente, o Banco conta com quase 70% dos créditos feitos para mulheres. Além disso, o Banco do Nordeste apoia negócios de impacto com fundos não reembolsáveis, para assim, fazer subvenção a negócios de impacto. Entretanto, ressaltou que ainda existe um desafio de entender como aplicar os recursos, executar as políticas públicas e gerar impacto concomitantemente. Segundo Oliveira, o Banco do Nordeste possui uma relação muito próxima a startups, contando com três hubs de aceleração. Porém, ao tentar estruturar um programa específico de impacto para apoio a startups, o sucesso não foi o esperado. A partir desse dilema, Oliveira levantou algumas questões problematizadoras. O Banco do Nordeste tem os recursos necessários para investir, mas Oliveira entende que talvez falte experiência específica para atuar com negócios de impacto. O Gerente executivo falou sobre a importância da transformação da visão dos bancos comerciais, criando uma cultura de empreendedorismo de impacto que permita que os bancos em geral se tornem parte atuante do ecossistema de impacto.
Mariana Brunelli, coordenadora de programas do ICE e da Coalizão pelo Impacto fechou o evento, falando da importância do diálogo entre a Coalizão e os bancos e agências e pontuou os destaques do evento: “Precisamos atuar juntos para sermos a voz dessa mudança, para que possamos analisar o crédito de outra forma, incluindo o eixo de impacto. (…) É impossível avançarmos na agenda socioambiental achando que sabemos tudo, é preciso trazer estruturas inovadoras e fomentar espaços de trocas e experiências porque um aprende com o outro e é necessário entender as especificidades regionais de um país continental como o Brasil”, disse.
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