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Estado do Ceará fortalece seus empreendimentos com o Comitê Estadual de Negócios de Impacto
Desde setembro do ano passado, grupos de empreendedores, pesquisadores, consultores e gestores públicos têm articulado ações. Iniciativas como o Giardino Buffet, que apoia mulheres do Bom Jardim, em Fortaleza (CE), exemplificam o sucesso de negócios sociais, gerando renda e promovendo inclusão
O Estado do Ceará se fortalece ainda mais com a criação do Comitê Estadual de Negócios de Impacto (CENI) no dia 1º de julho, por meio do Decreto nº 36.101. Este comitê visa implementar o Sistema Nacional de Economia de Impacto (SIMPACTO), composto por representantes de diversas secretarias e entidades, incluindo a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), a Secretaria da Fazenda (Sefaz), a Agência de Desenvolvimento do Estado (ADECE), universidades, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Sebrae-CE e federações sindicais.
No dia 20 de junho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) instaurou o SIMPACTO, um sistema nacional destinado a alinhar as legislações estaduais e municipais voltadas para o fomento do empreendedorismo social e de impacto com as diretrizes da Estratégia de Economia de Impacto (Enimpacto), criada pelo Governo Federal. Esse esforço busca fomentar soluções de mercado que possam enfrentar desafios sociais e ambientais, gerando renda e bem-estar, inovando com tecnologias sociais e promovendo o desenvolvimento econômico.
Michelle Ribeiro, pedagoga e consultora em políticas públicas do Coalizão Fortaleza, e Eduardo Neto, sociólogo e gerente de fomento econômico da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e conselheiro da Coalizão Fortaleza, destacam que a equipe da Coalizão atuou como dinamizadora local desse ecossistema. “Este trabalho resultou na assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) no dia 9 de agosto, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria Rodrigo Rollemberg, e Lucas Ramalho Maciel, diretor do Departamento de Novas Economias do MDIC. Este documento viabiliza a articulação e o fomento à estruturação de políticas públicas estaduais”, explicam Michelle e Eduardo.
Eduardo chama atenção para o modelo de governança no estado do Ceará, que favorece o movimento de negócios de impacto. “A política pública daqui envolve a participação ativa das organizações e interesses da sociedade como um todo. Esse ambiente favorece articulações das iniciativas e fomento do desenvolvimento junto ao estado, que aprende e busca acompanhar e liderar junto com outras instituições. Isso foi fundamental para avançar com o marco regulatório, criação de mecanismos e comitês, mobilizando outras instituições para aderirem ao ACT.”
Cozinha que cura
Um empreendimento que exemplifica a combinação entre retorno financeiro e transformação socioambiental está localizado em um bairro periférico de Fortaleza, o Bom Jardim, conhecido por seus baixos índices de desenvolvimento. O projeto Cozinha e Terapia – que utiliza a cozinha como espaço terapêutico, do Movimento de Saúde Mental, gerou renda durante a pandemia para várias famílias com a venda de pães, bolos e kits para festas. Desde 2016, essa iniciativa acolhe mulheres em tratamento para depressão e síndrome do pânico, oferecendo cursos de gastronomia e outras atividades de geração de renda. Em 2022, após um processo de incubação com a Somos Um, a cozinha terapêutica se transformou em um empreendimento social de um buffet dirigido por mulheres e incluindo moradoras do Bom Jardim: a Giardino Buffet.
“Temos mães solo e mulheres de diferentes faixas etárias, de 19 a 71 anos. Oferecemos serviços de buffet a diversos eventos, como coffee breaks, almoços, jantares e lanches. Todas somos microempreendedoras (MEIs) e nosso lucro é direcionado para o Movimento de Saúde Mental. No ano passado, tivemos um faturamento de 590 mil reais e mais de 100 pessoas envolvidas em todo o processo”, diz Natália Tatanka, CEO do Giardino Buffet, moradora de Bom Jardim e conselheira do Coalizão Fortaleza
Natália, indígena do povo Anacé, destaca que o buffet está alinhado com os ODS 5, 8 e 10, por ser composto exclusivamente por mulheres, desde a motorista até a chef de cozinha, todas registradas como MEIs, estimulando o trabalho decente e valorizando a governança. “Tivemos uma melhoria significativa na vida dessas mulheres, que hoje ganham até 4.700 reais por mês, dependendo do período. Isso trouxe dignidade e autoestima, volta aos estudos e saldo de dívidas”, afirma Anacé, que também é mestranda em gastronomia.
O negócio recebe mentoria do Programa Zunne, Escola de Negócios da Favela, Gerando Falcões, e tem parcerias com o Projeto de Extensão da Universidade Federal do Ceará e o MBA de Gestão de Negócios da Unifor. Reconhecidas pelo Prêmio Mulher Arcelor Mittal, já atenderam eventos de diversas organizações, como Banco do Brasil, Farofa Gkay, Pacto Global/Conexão ODS, jantar com Muhammad Yunus, Unicef Brasil e Fundação Dom Cabral.
“A Coalizão pelo Impacto em Fortaleza impulsiona a pauta de negócios e nos ajuda a ultrapassar barreiras, alcançando mais pessoas. Vejo uma conexão entre as práticas colaborativas solidárias dos nossos ancestrais e o empreendedorismo social. No conselho da Coalizão, compartilhamos ideias, trocamos contatos e recursos, um escambo e todos saem com o balaio cheio de novas oportunidades para seus projetos. O futuro é ancestral!”, conclui Natalia.
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